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LUIZA CAMPOS
Arquiteta de formação, a autora escreve desde criança. Nas palavras, Luiza busca a sensibilidade feminina para trazer à tona o que vive, vê e sonha.
CAMPOS, Luiza. Outubro. Brasília: Claudine Maria Diniz Duarte, 2019. 140 p. ISBN 978-85-92442-4-7
Exemplar doado pelo livreiro BRITO, Brasília.
SILÊNCIO
E por querer tanto
que as palavras me
salvem a vida
É que me vejo aqui
Afogada
em palavras que não
são minhas
Soterrada
em sentimentos que
não são meus.
Tudo que tenho
é o que me escapa
O espaço vazio
do não querer
o negativo de uma
fotografia
E por querer tanto
as palavras
— e só elas —
é que sempre me fogem
Se esvaziam de sentido
Ficam suspensas no ar
É um grito, é o não dito.
E por querer tanto
as palavras
só me ocorre
— escorre —
o silêncio.
REDOMA
Dá pra ouvir o barulho
Do vidro quebrado
Das coisas se rompendo
Um silêncio que enlouquece
Andar em cima dos cacos
Como todo, todo cuidado
Só precisa de um segundo
Pra que tudo se parta
Estilhaços por todo lado
Ontem foi onde tudo ficou
E agora que nasce
Já não tem nome
(Eu não sei que nome dar)
Abrir de novo
Deixar sangrar
Talvez não pare
Talvez estanque
Talvez só valha a pena
Enquanto se sangre
FRATURA EXPOSTA
Fratura exposta
É quando o coração vira osso.
E insiste em bater, apesar de quebrado.
Fratura exposta.
A gente sabe que cura.
Aperta, prende e segura.
E insiste em doer, apesar de engessado.
Fratura exposta.
A gente sabe que esquece.
Mas fica uma marca da ruptura.
É o coração, músculo tenso.
Vira osso
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Página publicada em maio de 2023
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